O vereador londrinense Jacks Dias (PT) vai responder a ação civil pública por improbidade administrativa por ter supostamente recebido propina da empresa de vigilância Centronic enquanto ocupava o cargo de secretário municipal de Gestão Pública, entre 2006 e 2008, na gestão do ex-prefeito Nedson Micheleti. Jacks já responde a ação criminal neste caso por corrupção. Na ação, apresentada ontem à Justiça pelo Ministério Público (MP) do Paraná, além de Jacks e da própria empresa, são citados como réus Paulo Sérgio Iora e Nilso Rodrigues de Godoes, respectivamente gerente e proprietário da Centronic.
Conforme relata o MP, Jacks teria recebido R$ 152,5 mil da empresa de vigilância durante os dois anos em que esteve à frente da pasta, para facilitar a aprovação de aditivos no contrato e ”omitir-se na fiscalização do cumprimento das cláusulas contratuais”. Para os promotores que assinam a petição, havia um ”esquema ilícito incrustado na Prefeitura Municipal de Londrina, (…) como meio para favorecimento indevido da empresa contratada, mediante o pagamento de comissões em dinheiro”.
O suposto enriquecimento ilícito do vereador teria começado em outubro de 2006, dois meses após a celebração do contrato que tinha o valor inicial de cerca de R$ 350 mil. A Centronic, declarada empresa inidônea pela Prefeitura de Curitiba em setembro daquele ano, teria oferecido R$ 52,5 mil para Jacks não suspender o contrato ”diante de fato impeditivo ao prosseguimento da prestação dos serviços”. Segundo documentos juntados à ação, um ex-gerente operacional da Centronic afirmou que Iora entregava o dinheiro para o então secretário. ”É mentira e vou provar”, defendeu-se Jacks em entrevista à FOLHA.
Sobre a omissão, o vereador afirmou que a inidoneidade da Centronic era desconhecida pela administração à época e, mesmo que soubesse do fato, não poderia cancelar o contrato. ”Mesmo inidônea, o contrato passou por nós, pela gestão do Roque (José Roque Neto, de janeiro a abril de 2009) e somente foi rescindido agora na atual gestão em 2010. Ainda assim, naquela época o fato de ter sido declarada inidônea em Curitiba não interferiria aqui.” No entanto, segundo o MP, em 2007, Jacks ”em identidade de propósitos” com a empresa, teria recebido nova propina no valor de R$ 105 mil.
Jacks Dias negou omitir-se na fiscalização. ”Houve multa em cima de multa contra a empresa por ter deixado postos de vigilância descobertos.” Se condenados pela prática de improbidade, os réus perderão os bens acrescidos irregularmente, terão suspensão dos direitos políticos por até dez anos e ficarão proibidos de contratar com o poder público. O MP pede ainda a condenação dos réus ao pagamento de indenização por danos morais. A reportagem não conseguiu contato com o advogado da Centronic, via celular, nem com Nilso Godoes e Paulo Iora.

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