A piora do estado de saúde mental das pessoas em época de quarentena é real. De acordo com pesquisa feita por um grupo de especialistas e publicada pela revista Psychiatry Research, do Canadá, os casos de depressão, ansiedade e transtorno por estresse pós-traumático foram, respectivamente, três, quatro e cinco vezes mais comuns, quando comparados com os dados normalmente divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Em suas recentes divulgações, a OMS mostra que grande parte dos brasileiros sofre de ansiedade, enfermidade que muitas vezes traz desconfortos extremos, sudorese intensa e palpitações, durante uma crise.
Para a psicóloga e professora do mestrado do Centro Universitário UniFBV, Jesuína Ferreira, a saúde mental foi afetada principalmente pelo agravamento das doenças não tratadas e pela intensificação de outros sintomas físicos e emocionais, como irritabilidade, insônia e déficit de atenção. Pelo fato das pessoas não terem uma rede de apoio emocional tende a agravar a situação ou causar o aparecimento de problemas emocionais. Para minimizar esses danos, houve a procura, por meio da população, de ajuda profissional, seja psiquiátrica ou psicológica”, destaca.
A professora conta que a demanda por ajuda foi tanta que os profissionais não conseguiram atender todos que solicitaram e, por isso, professores e alunos foram essenciais para o atendimento da população. Segunda ela, as campanhas das universidades e faculdades de atendimento psicológico online ou por telefone, com engajamento de professores de psicologia e seus alunos já em estágio clínico pôde favorecer às pessoas que não têm condições de pagar pelo atendimento psicológico.
O aumento foi visto também em Porto Alegre, no Hospital das Clínicas de Porto Alegre, onde a procura por esse tipo de atendimento pelos funcionários do hospital aumentou de 1088, em 2019, para 4467, no ano passado. E como a saúde mental na pandemia preocupa tantos profissionais, a Upjohn, um setor da Pfizer, junto com o Instituto de Ciências Integradas (INI), criou o Guia de Saúde Mental Pós-Pandemia, que traz algumas atividades como aliadas à manutenção da saúde mental, além de abordagens sobre os diversos grupos em que o indivíduo pode estar inserido.
Somado ao que está exemplificado no Guia, cabe a cada um manter uma rotina, quando se está dentro de casa na maioria do tempo, é fundamental para que haja concentração e estabilidade emocional, além de elaborar uma agenda diária com tarefas possíveis de serem realizadas naquele dia para prevenir futuras frustrações. A psicóloga vê a psicoterapia e a rede de apoio, mesmo que virtual, como grandes aliadas durante a pandemia por promoverem o equilíbrio das emoções. “Fazer psicoterapia, aulas de alongamento, meditação, yoga e musculação online. A psicoterapia deve ser feita regularmente e não somente quando sentir que os problemas se agravaram. É interessante alternar essas atividades. Evitar as redes sociais e jornais até tarde da noite. Isso sobrecarrega o estado emocional e pode dificultar o sono. Por fim, mas não menos importante, é necessário criar uma rede de apoio virtual. Estamos isolados fisicamente, porém não virtualmente. A tecnologia, quando usada adequadamente, pode nos ajudar e muito a passar por esse momento e com menos prejuízos físicos e psicológicos”, conclui.